domingo, 20 de novembro de 2016

Eu já te amava pelas fotografias. 
Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos, 
Pelo teu olhar vago e incerto 
Como o dos que não pararam no riso e na alegria. 
Te amava por todos os teus complexos de derrota, 
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas 
E até pela indecisão dos teus gestos sem pressa. 
Te falei um dia fora da fotografia 
Te amei com a mesma ternura 
Que há num carinho rodeado de silêncio 
E não sentiste quantas vezes 
Minhas mãos usaram meu pensamento, 
Afagando teus cabelos num êxtase imenso. 
E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar 
Toda uma existência trabalhada pela força e pela angústia 
Que a verdade da vida sempre pede 
E que interminavelmente tens que dar!… 

*

Adalgisa Nery, In A Mulher Ausente, 1940

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Há em ti uma paisagem suspensa, uma escuridão qualquer entre a realidade e o sonho. Meu olhar te atravessa e desnuda, não teme o confronto, parece que sabe os caminhos que deve percorrer e as esquinas que deve evitar.
Aíla Sampaio







Surges em mim como um poema novo que continuarei a escrever por toda a vida...
Aíla Sampaio